Inovação e investigação: estudantes do mestrado em Jornalismo testam em consórcio a reportagem de investigação

A academia é o lugar do teste e do erro. Todas as experiências são possíveis. Imaginação, criatividade, ousadia e colaboração são os quatro pilares do desafio de criar, desde a raiz, um conteúdo jornalístico de investigação. 

David Randall dizia-nos que o jornalismo de investigação não aceita o silêncio que tantas vezes trava o jornalismo quotidiano. O que distingue as duas abordagens jornalísticas, acrescentava o autor, é, exatamente, a atitude do jornalista. Não se rendendo ao silêncio, o jornalista de investigação começa no lugar onde o jornalista quotidiano foi forçado a travar. Por falta de tempo, por falta de meios, por falta de coragem, por recear pressões das fontes envolvidas ou dos interesses instalados, o jornalista quotidiano – em algum momento – vê-se compelido a travar. O privilégio do tempo e dos meios, alguma dose de coragem e uma “predisposição para escavar”, como afirmavam em 1976, nos anos áureos do jornalismo de investigação, Anderson e Benjaminson, tudo isso, sendo muito, é o essencial para que a verdade jornalística possa emergir.

Ainda a darem os primeiros passos no jornalismo, os alunos do Mestrado em Jornalismo são literalmente empurrados para os desafios da investigação e da colaboração. Ao longo de um semestre letivo, organizam-se em consórcios, onde as fragilidades de uns são compensadas pela segurança dos outros. Ao mesmo tempo que aprendem a lidar com a frustração de histórias difíceis que, tantas vezes, patinam, inspirados pelo desejo comum de chegar ao fim, encontram soluções em conjunto. Discutem, vacilam, quase desistem, mas reerguem-se e vencem.

As histórias que aqui mostramos são também histórias de superação.

A estes alunos não bastou vencerem os desafios da investigação colaborativa; todos foram, igualmente, confrontados com os desafios do visual. E se o jornalismo de investigação já está, por natureza, num patamar superior, o visual pode ser uma permanente armadilha; ultrapassá-la, com sucesso, reclama exigentes estratégias de ação.

Há, em todo este caminho, um conceito que o perpassa: inovação.

O jornalismo de investigação escava verdades escondidas, labora, quotidianamente, com o invisível. O desafio do visual obriga os jornalistas de investigação a tornarem o invisível visível.  E isso só se consegue pela via da imaginação, da criatividade e da ousadia. A receita é de Barbie Zelizer e estes alunos, sem o saberem, deixam-se inspirar pela académica americana.